Era fim de mês e minha mãe precisava comprar um remédio para minha irmã. Mas dinheiro mesmo só dali uma semana e meia. O que ela tinha na bolsa era pouco mais de dez mil cruzeiros. Era o suficiente pra comprar o remédio.
Antes de comprá-lo passou na escola para me buscar – eu tinha cinco anos. Ao chegar lá a professora disse que precisava falar com minha mãe:
– É sobre o pequeno Willian, dona Eni…
– Algum problema com ele?
Eu não tinha amigos, não sabia escrever muito bem, o que eu conseguia – com muito custo – desenhar, pintava da forma mais horripilante possível. Não sei porque raios de motivo, diante da pergunta da minha mãe (talvez pena… dó de desapontá-la) a professora respondeu:
– O Willian parece ter um talento fora do normal com desenho.
– Jura? Estou admirada… em casa não consigo identificar um rabisco sequer que ele faz.
– Pois é… ele desenha bem (‘Ai meu Deus, o que eu tô fazendo?!’ pensou ela)
Minha mãe pegou na minha mão. Eu olhei com uma cara de ‘nada’ e disse: ‘Mãe, compra giz de cera?’.
Minha irmã teve que tomar uns chás de ervas naturais, pois o dinheiro foi aplicado no talento – que nunca existiu – do filho mais novo.
Se a minha professora conhece esse blog, deve se arrepender até hoje em ter mentido pra minha mãe.
…
Idéia sugerida por Pedro Gonçalves (Joinville-SC)
Idéia sugerida por Silvano Sakai (Brasília-DF)
Idéia sugerida por Alexandre Lima (São Paulo-SP)
Eu quem faço essa porcaria de blog funcionar. E de graça! Mas eu gosto…
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